terça-feira, 25 de janeiro de 2011

"A menina que comia violão"

Isso se repetia praticamente todos os dias.

Era de manhã, de tarde, de noite...

E se alguém desse ‘corda’ até de madrugada!

A menina comia violão no café da manhã, em doses moderadas,

Só o suficiente pra saciar sua vontade e conseguir segurar até a hora do almoço.

E quando essa hora chegava, ela parecia inquieta, não se aguentava,

Corria ansiosa, se trancava no quarto pra comer violão de novo!

Sua mãe até tentava convencê-la de que outras coisas poderiam ser mais saudáveis,

Arroz... Feijão... Violino...

Qualquer coisa que a fizesse se alimentar.

Era sempre assim, quando a noite se aproximava, ela não via a hora!

Notas suculentas, acordes levemente temperados...

Ela salivava só de contar!

Poesia melodiosa, às vezes até chorosa...

Era o gosto perfeito!

Alguns até tentaram: “Faz dieta! Tenta cavaquinho!”

Mas não adiantou.

E era assim que acontecia praticamente todos os dias...

Ela corria, se tracava e sua mãe de fora gritava:

“Mas de novo? Já vai comer violão menina?!”


Por Raphaela Dias

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

"Escultura Humana"

Vi ontem na TV um homem estranho...

Parecia empalhado,

Talhado.

Esculpido.

Largado...


Parecia ter se tornado parte da paisagem que antes existia naquele lugar,

Parecia ter um olhar tão perdido quanto todo o resto que havia sido levado.

Uma escultura humana, feita contra vontade, deixada à mercê da caridade alheia.

Empalhado em meio as coisas espalhadas...

Esperando um sinal de vida, ou qualquer outro sinal.

Desfazendo-se de esperança,

Deixando escorrer pelos olhos o que sobrou de sentimentos...

Buscando forças onde já não tinha, inundado de si.

Um mundo quase impossível, irreal.

Cidadão de lama, pedra e entulho.

Perdido de si, deixado pra trás..

Feito de tudo em volta,

Feito de terra, de lama, de lixo,

De nada!

Uma escultura humana feita só do que sobrou.

Por Raphaela Dias

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

“É coisa de família...”

E como ele mesmo fez questão de dizer e repetir... É coisa de família!

Porque conseguimos ser irmãos de pais diferentes, somos ligados não por laços de sangue, mas pelo amor que nos une.

Somos atraídos uns pelos outros pelo mesmo jeito “bobo” de ser...

Pela mesma besteira...

Mesma bobice...

Mesma bobeira!

Porque quando estamos juntos o mundo para e espera!

E tudo acontece aqui dentro... e tudo deixa de acontecer lá fora pra ver a gente fazer “merdão”!

E quando a gente se junta, a poesia fala mais alto que qualquer dor, qualquer pranto...

Qualquer vontade de chorar vira gargalhada!

Qualquer bobo solitário vira bobo acompanhado!

A vida parece fazer mais sentido,

O mundo parece girar mais colorido.

E sempre podemos contar com o irmão que temos do lado.

Uma família de bobos de nariz pintado!

Porque quando estamos juntos nossa alegria é contagiante,

Uma risada puxa a outra e outra e mais outra...

E assim segue adiante, até dar voltas em nós mesmos!

E se um chora o outro chora também...

E se um ri o outro também ri da risada esquisita...

Porque família é assim, fica do lado quando está certo, fica mais ainda quando está errado pra fazer sentir e não deixar errar de novo.

E quando tudo acaba e parece que não tem mais pra onde correr, ainda temos uns aos outros.

Sempre vai restar o que construímos juntos...

Nossa família escolhida a dedo, nosso conto de fadas eternizado feliz sem final...

Porque é assim que tem que ser, rir, chorar, brincar, se divertir, dar bronca...

Porque quando estamos juntos a única certeza é que tudo vai ficar bem...


Somos loucos de pedra, bobos amantes, amigos irmãos...

Porque quando estamos juntos, com a gente é assim...

É coisa de família!



Por Raphaela Dias


Dedicado aos meus amigos irmãos do Lona na Lua.