segunda-feira, 22 de novembro de 2010

"Quem me dera?"...

Certa feita, em meio a uma realidade de festejos, palhaços e folhas secas jogadas no chão, conheci uma viajante lunática.

Cheia de histórias pra contar e experiências dançantes ...


Mas a história mais interessante de todas eu não conhecia...

Ela guardava a sete chaves de pensamentos!

Eu tentei por muitas vezes imaginar o que acontecia naquela mente durante o olhar que viajava disperso pelo espaço quase vazio.

Cheguei a pensar que não havia nada e que havia tudo!

Ela fixava seu olhar num ponto e ali era capaz de permanecer por horas, talvez dias!

Mas nunca chegava a tanto por sempre ter alguém para chamar sua atenção e trazê-la de volta para o mundo que acreditamos ser o real...

“Ah! Quem me dera saber o que ela estava pensando?”...

Fazia seus passos marcados, dançava e dava show... Mas sempre no final de seus espetáculos voltava ao mesmo lugar.

Sentada no palco acompanhada do que sobrou dos aplausos que recebeu de pé...

Eu seria capaz de dar tudo o que tinha no bolso pra saber o que ela estava pensando...

Mas essa foi uma ideia tola que logo me fugiu. Afinal de contas, tudo que eu tinha no bolso eram ingressos amassados pra assisti-la mais uma vez, e outras vez, e outra vez...

Eu daria muito pra saber o que ela estava pensando, mas não a chance de vê-la pensar de novo.

Quem me dera entender o que se passava naquele coração depois que as luzes se apagavam...

Depois que o foco não era mais o palco, era pra lá que ela ia!

Imagino o que então?

Que ela só queria ficar sozinha?

Talvez quisesse apenas desviar os olhares que antes eram dela...

Ou ainda poderia só sonhar em ficar ali pra sempre... Eternizando o momento que viveu e imaginando o que ainda viveria...

Mas eram só suposições, eu não fazia ideia do que realmente se passava.

Ah...

“Quem me dera saber o que ela pensava?”....


Por Raphaela Dias, dedicado à viajante lunática Taiane D'Ornellas

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